
Inflação elevada, juros nas alturas e orçamento apertado: o cenário econômico tem pesado no bolso do brasileiro — e os reflexos já são sentidos na vida condominial. Dados recentes revelam que a inadimplência nas taxas condominiais voltou a crescer, gerando impactos significativos na gestão dos empreendimentos.
Segundo levantamento nacional, a taxa média de inadimplência condominial atingiu 6,8% em março de 2025, o maior índice registrado nos últimos dez meses. O dado acende um alerta para síndicos, administradoras e moradores, pois compromete diretamente a manutenção e os serviços essenciais dos condomínios.
Um rombo de bilhões
A estimativa é de que a inadimplência cause um prejuízo anual de cerca de R$ 7 bilhões aos condomínios em todo o Brasil. Esse valor deixa de ser aplicado em limpeza, segurança, manutenção de elevadores, pagamento de funcionários, contas de consumo e outras obrigações fixas.
Na prática, quem arca com esse déficit são os moradores adimplentes. Para equilibrar as contas, muitas gestões condominiais têm sido obrigadas a recorrer a medidas impopulares, como aumentos nas cotas condominiais, cobrança de taxas extras ou até cortes de serviços não essenciais.
Causas e consequências
Especialistas apontam que a alta dos juros, o aumento do custo de vida e o crescimento do desemprego têm pressionado o orçamento das famílias, levando muitos a priorizar outras despesas, como alimentação e moradia, em detrimento das obrigações condominiais.
Além disso, há um efeito em cadeia: a inadimplência compromete a saúde financeira do condomínio, afeta o convívio entre os moradores e pode desvalorizar o imóvel no mercado, uma vez que a infraestrutura tende a se deteriorar sem os recursos adequados.
Como enfrentar o problema
Apesar do cenário preocupante, existem caminhos para mitigar os efeitos da inadimplência. Algumas medidas recomendadas por especialistas incluem:
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Negociação de débitos: acordos amigáveis e parcelamentos com os inadimplentes têm maior taxa de sucesso do que ações judiciais diretas;
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Transparência na gestão: apresentar balancetes atualizados e mostrar onde cada centavo é investido gera mais confiança e colaboração dos condôminos;
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Campanhas de conscientização: reforçar a importância da pontualidade nos pagamentos;
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Cobrança especializada: contar com apoio jurídico ou empresas especializadas para lidar com devedores recorrentes.
A inadimplência condominial é um desafio coletivo e exige equilíbrio entre firmeza na cobrança e empatia na negociação. Em um cenário econômico volátil, a boa gestão financeira dos condomínios é mais do que essencial: é uma questão de sobrevivência.